Um vídeo que circula nas redes sociais deixou em alerta os moradores do bairro Restinga, em Porto Alegre. Na gravação, é possível ver criminosos do Vale do Sinos no momento em que caminham por ruas na localidade e anunciam a tomada de pontos de tráfico. Conforme a Brigada Militar, entretanto, as ameaças não se concretizaram e o grupo já teria deixado o extremo Sul da Capital.
As imagens mostram cerca de 20 pessoas, entre homens e mulheres, em uma localidade conhecida como beco 33. Eles afirmam integrar a “Família G” e o grupo “Mortos de Fome”, ambas alcunhas que se referem a uma quadrilha com origem na Cohab do bairro Feitoria, em São Leopoldo.
O bando responde a um detento conhecido como Gandula, que cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Ele tem 44 anos e seria líder do tráfico na Cohab Feitoria. Outra liderança seria o filho dele, chamado Gandulinha, que está em liberdade.
Possível união com bando na Restinga
As forças de segurança não descartam que os traficantes de São Leopoldo quisessem união com o grupo liderado por um traficante de apelido Rato. Aos 37 anos, ele é considerado uma liderança do crime organizado na Restinga, mas também tem elos com a facção que atua no Vale do Sinos.
Rato é um assaltante de bancos que migrou para o tráfico de drogas. Ele soma mais de 16 anos de condenação por roubo, porte de arma e tráfico de drogas, além de ter sido indiciado como mandante de homicídios. O criminoso chegou a ser enviado à Penitenciária Federal de Campo Grande em 2020, na Operação Império da Lei, mas retornou ao sistema penitenciário pouco mais de dois anos depois.
Em abril de 2023, apesar da extensa ficha criminal, Rato recebeu benefício humanitário e pode cumprir o restante da pena em prisão domiciliar. Ele é monitorado por tornozeleira eletrônica desde então.
BM reforça monitoramento
Por motivos que ainda não estão claros, a aliança do grupo de São Leopoldo com o tráfico no extremo Sul de Porto Alegre falhou. Evidência disso seria o desenho de um alienígena que, nas imagens que circulam na internet, aparecia pixado em um muro na Restinga mas, nesta segunda-feira, foi apagado do local. A imagem seria um símbolo dos traficantes da Cohab Feitoria.
De acordo com o subcomandante do 21º BPM, Francisco da Cruz Cauduro, o grupo criminoso de São Leopoldo teria retornado ao Vale do Sinos. O oficial aponta que o episódio não gerou mortes nem demais crimes violentos, mas enfatiza que a corporação reforçou o monitoramento na Restinga e em outras áreas do extremo Sul.
“Monitoramos tudo o que ocorre no extremo Sul de Porto Alegre, sempre com o objetivo de garantir a segurança da população. Por isso permanecemos atentos, mesmo que a interação entre esses dois referidos grupos criminosos tenha sido interrompida. Qualquer movimentação atípica será alvo de análise”, garante o subcomandante do 21º BPM.